8.6.12

Sobre o quê?

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Decidi escrever, só não sei sobre o quê. Mas já sei o porquê, o que já é mais que muito. É o tempo livre - sempre esse. As horas ociosas são sempre as melhores. Já dizia Rousseau, o homem é naturalmente ocioso - de onde eu concluo que o encontro ontológico mais feliz seja entre o homem e o ócio. Faz sentido? Exposto assim, há de fazer. As horas vagas são necessárias - ainda que, quando não temos nada para fazer, geralmente busquemos algo. Sem querer falar sobre válvulas de escape, logo falo. E sem querer reclamar sobre minhas dores de estômago (já viraram propriedade privada), logo reclamo. Como essas pessoas que anunciam ter um problema e, ao serem questionadas, declaram não querer falar, embora já tenham começado. É a contradição - sempre essa, caminha com a gente. Contradição. Tantas discussões ocorrem por causa de contradições. O clássico "você me diz x agora, mas ontem você disse o contrário". Ou "você diz isso, mas faz aquilo" etc. A contradição é um movimento interno, digamos, do ser. (E isso não é uma teoria minha, embora eu a conceba muito bem.) É impossível, por exemplo, conceber uma parede pintada de uma cor que seja branca e não branca ao mesmo tempo, justamente porque isso é uma contradição. Mas essa lei da contradição não vale pra pessoas. Nada mais comum do que ver alguém dizer "eu amo meu cachorro" e, dois minutos depois "VOU TE MATAR, SEU CACHORRO MALDITO", e o segundo não anular o primeiro. Quer dizer, é possível uma pessoa ser e não ser uma coisa, ou achar e não achar uma coisa etc. No caso do cachorro, esse tipo de enunciado só é permitido em voz alta porque ele absolutamente não entende o que você diz. Mas, por exemplo, trocar "cachorro" por "mãe" também é concebível, embora impronunciável se você tiver uma mãe como a minha. Enfim, as contradições estão aí. Mas, talvez, o "não quero falar sobre isso que acabei de falar" seja tão absurdo que se encaixe em outra categoria. "Cu doce", por exemplo. E vou dormir sem ter chegado a lugar nenhum. Afinal, compatível com a minha proposta, eu só queria escrever.

7.4.12

Passé Composé (De quoi?)

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É, ninguém escolhe nascer. E, às vezes, o curso da vida consegue ser mais imprevisível do que o previsto. Mas, até aí, se a gente parar pra pensar no que não foi, a gente só sofre e, em termos práticos, acaba sendo contraproducente. E então, o que fazer? Não pensar? Não sei dizer a regra geral da vida, mas eu vejo assim: uma vez que não se pode apagar o passado, é melhor aprender a conviver com ele. E a mente tem uns recursos, digamos, interessantes, pra fazer a gente passar por cima de um monte de coisas. E, se esquecer não fosse interessante, eu não citaria aqui Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças citando Nietzsche: "Blessed are the forgetful: for they get the better even of their blunders.". Mas esquecer do que interessa é utopia equivocada. Fechar os olhos pro problema nunca ajudou a solucionar.

Já é tarde e é melhor eu ir deitar, ou amanhã não esquecerei das horas que eu não dormi.

7.8.11

Sobre dar murro em ponta de faca

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Não vou me estressar com isso. Não vou me estressar com isso. Não vou me estressar com isso. Não vou me estressar com isso. Não vou me estres...

- NÃO ACREDITO QUE ISSO ACONTECEU.

6.6.11

Sobre escrever

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Escrever é minha válvula de escape. Eu escrevo desde que sei escrever, e, aos 13, eu criei meu primeiro blog. Minha mãe um belo dia me mostrou uma resportagem em algum jornal falando sobre blogs, supostos diários virtuais, e eu fiquei pensando porque caralhos quereria escrever num diário - ou pior, por que caralhos eu quereria disponibilizar online o meu diário, uma vez que há um concenso universal que diz que diários são páginas e páginas com tudo aquilo que você queria poder dizer por aí mas não pode porque o bom censo não permite. Aí eu percebi que a gente pode querer falar de um lado da nossa vida sem que isso signifique expor a outros, e assim eu criei um blog.
Escrever virou quase uma doença. Eu ouvia um diálogo engraçado na rua e passava o dia inteiro o reproduzindo na minha cabeça pra não esquecer, chegava em casa e escrevia sobre ele. (Não, ninguém me apresentou às cadernetas.) Acontecia alguma coisa comigo e eu queria colocar no blog. Eu tirava um 10 e queria colocar no blog. Minha mãe brigava comigo, blog. Eu tava com sono, blog. Eu sentia preguiça, blog. Aí, por um motivo ou outro, eu comecei a mudar de blog. Criar um novo blog. E parar de escrever. Criar um novo blog. E voltar a escrever. E parar de escrever. E voltar a escrever de novo. Coincidentemente ou não, me parece que os tempos em que eu escrevo pouco minha cabeça fica sobrecarregada. Se não-escrever é consequência de estar sobrecarregada ou estar sobrecarregada é consequência de não escrever, we'll never know.
... A questão é que, quando eu percebo que fico muito tempo sem escrever, não me parece bom, porque isso singnifica que minha válvula de escape quebrou. E, pra gente viver em paz, as válvulas de escape simplesmente não podem estar quebradas.

11.4.11

Sobre os questionamentos

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Será que eles não têm fim? Questionar faz pensar. Pensar demais fadiga. Fadiga me faz querer parar de pensar. Querer parar de pensar me faz pensar em como parar de pensar. Pensar em como parar de pensar me faz pensar em outra estratégia pra parar de pensar. Pensar em outra estratégia me faz pensar em outra coisa. Pensar em outra coisa me faz pensar em outra coisa. Percebem como o raciocínio é perpetuante?

9.4.11

Sobre o cansaço

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Preciso de uma carcaça nova pra me sustentar, porque essa tal de faculdade (ou as coisas que ela oferece) tem acabado comigo. Quando a gente é mais novo, pensa que faculdade é coisa de gente séria. Aí a gente entra nela e vê que isso é mó mentira.
Meu corpo dói inteiro. Tem um ponto em especial nas minhas costas, na borda da costela com o músculo que eu não sei o nome, que até me deixa sem ar quando pressionado. Meu pescoço nem mexe direito. No mais, preciso ler uma média de cem páginas por semana de coisas que me doem o pensamento só de imaginar. Mas, se você me perguntar se eu trocaria isso tudo por outra coisa, eu digo que não: a dimensão do cansaço é proporcional à minha felicidade nesse momento.

6.4.11

Sobre a produção

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Se eu estou feliz, não tenho vontade de fazer nada. Se estou triste, não tenho vontade de fazer nada. A diferença é que, quando eu tô triste, eu tenho tempo de sobra pra fazer qualquer coisa. Quando eu tô feliz, eu arranjo tempo pra fazer tudo, menos aquilo que eu acho que deveria estar fazendo. Mas isso não pega nada. Por definição, eu sou contraproducente.

E isso não é uma crise, só uma constatação.

Sabe...

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Que eu ando com tanta coisa na cabeça, mas sem vontade nenhuma de escrever?

4.4.11

Luto

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Perdi o meu primeiro blog. Nunca me dei o trabalho de salvar meus textos em outro lugar, nem de garantir sua sobrevivência, e eis que ele se foi. Queria relembrar o que eu escrevia aos treze. Paciência.

Mas... será que se eu mandar um email revoltado e dramático pra globo.com dizendo que eles apagaram, sem ao menos um aviso prévio, coisas importantíssimas, existenciais e que me ajudariam hoje a melhor compreender o meu eu interior, eles dão um jeito de resgatar os arquivos?

28.3.11

Sabe

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Acho que até que tem umas coisas aqui que valem a pena.